quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

CÂNCER DE PRÓSTATA E REPOSIÇÃO HORMONAL MASCULINA

            A população mundial está crescendo e envelhecendo. Em 2000, eram 600 milhões de habitantes com mais de 60 anos e a expectativa para o ano de 2025 é de mais de 1,2 bilhões de habitantes idosos (1). Com o envelhecimento surgem mais fatores de risco para as doenças crônicas, aumenta a prevalência do distúrbio androgênico do envelhecimento masculino (DAEM OU ANDROPAUSA OU HIPOGONADISMO) (2) e da disfunção erétil (DE) (3).
O conceito qualidade de vida está cada vez mais forte, pois as pessoas querem envelhecer, sobretudo com saúde física e mental. E o binômio DAEM-DE já é bem aceito (4), bem como a necessidade de reposição hormonal (RH) nos hipogonádicos sintomáticos (2). Porém, sempre que se fala em RH e testosterona, questiona-se sobre o risco de um aumento de incidência de câncer de próstata (CAP). E o assunto CAP é sempre muito atrativo, provavelmente por tratar-se do tumor maligno mais freqüente do sexo masculino e por ser a segunda principal causa de morte por neoplasia em homens à partir da quarta década de vida, perdendo apenas para o câncer de pulmão (5). Sua correlação direta com a testosterona ainda não está bem entendida.
            Também o assunto testosterona e reposição hormonal (RH) é instigante. Ao contrário das mulheres, que apresentam uma pausa na produção dos hormônios (menopausa), os homens têm apenas uma diminuição da produção hormonal com o envelhecimento (“ANDROPAUSA”), principalmente após os 40 anos, quando a produção de testosterona livre (TL) diminui numa proporção de 1,2% / ano (6, 7 ). Com esta baixa de testosterona, podem surgir uma série de sinais e sintomas, como por exemplo: diminuição da libido e da qualidade das ereções, depressão, fadiga, diminuição da massa muscular e da densidade mineral óssea, modificação do padrão do sono, aumento da gordura visceral e diminuição da capacidade intelectual (2). Por outro lado, o homem “maduro” hipogonádico apresenta uma melhora global na qualidade de vida com a RH (8-13). A prevalência de disfunção erétil na população masculina é alta, atingindo mais de 50% dos homens com mais de 40 anos (3). Também a prevalência da DAEM aumenta com o aumento da idade (14). Tudo isto ocorre na mesma faixa de risco para o desenvolvimento do CAP, isto é, após os 40 anos de idade.
Existem publicações de reposição hormonal em pacientes tratados curativamente com prostatectomia radical para CAP, sem sinais de recidiva tumoral e com importante melhora dos sintomas do hipogonadismo (15-16).
            Então, a real ligação entre testosterona e CAP permanece incerta, mas a administração de testosterona exógena parece ser muito importante e segura no tratamento do hipogonadismo do homem maduro sintomático, mesmo naqueles submetidos ao tratamento curativo de câncer de próstata, desde que sejam criteriosamente avaliados e acompanhados por seus médicos.

Referências:
  1. OMS, 2005 http://www.who.int/ageing/en/ 
  2. II Consenso Brasileiro de Disfunção Erétil. Sociedade Brasileira de Urologia. Ed BG Cultural, 2002.
  3. Feldman HA, Goldstein I, Hatzichristou DG, Krane RJ, McKinlay JB. Impotence and its medical and psychosocial correlates: Results of the Massachusetts Male Aging Study. J Urol 1994; 151 (1): 54-61.
  4. Lue TF, Basson R, Rosen R Giulinano F, Shoury S, Montorsi F. Sexual Medicine: Sexual dysfunctions in men and women. 2nd International Consultation on Sexual Dysfunctions. Paris. Edition 2004.
  5. INCA, 2005. http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=339
  6. Gray A, Feldman A, McKinlay JB, Longcope C. Age, disease and changing sex hormone levels in middle-aged men: results of the Massachussetts Male Aging Study. J Clin Endocrinol Metab. 1991; 73: 1016-25.
  7. Gooren LJG. The age-related decline of androgenic levels in men: clinically significant? Brit J Urol. 1996; 78: 763-8.
  8. Tenover JL. Male hormone replacement therapy including "andropause". Endocrinol Metab Clin North Am 1998; 27 (4): 969 - 87.
  9. Shabsigh R, Kaufman JM, Steidle C, Padma-Nathan H. Randomized study of testosterone gel as adjunctive therapy to sildenafil in hypogonadal men with erectile dysfunction who do not respond to sildenafil alone . J Urol 2004; 172 (2): 658-63.
  10. Barqawi AB, Crawford ED. Testosterone replacement therapy and the risk of prostate cancer: a perspective view. Int J Impot Res 2005; 17: 462-3.
  11. Tenover JL. Effects of testosterone supplementation in the aging male. J Clin Endocrinol Metab. 1992; 75: 1092-8.
  12. Morley JE, Perry HM, Kaiser FE, Kraenzle D, Jensen J, Houston K, Mattammal M, Perry HM Jr. Effects of testosterone replacement therapy in old hypogonadal males: a preliminary study. J Am Geriatr Soc. 1993; 41 (2): 149-52.
  13. Vermeulen A. Androgen replacement therapy in the aging male – A critical evaluation. J Clin Endocrinol Metab. 2001; 8: 2380-90.
  14. Harman SM, Metter EJ, Tobin JD, Pearson J, Blackman MR. Longitudinal effects of aging on serum total and free testosterone levels in healthy men. J Clin Endocrinol Metab, 2001; 86(2): 724-31.
  15. Agarwal PK, Oefelein MG. Testosterone replacement therapy after primary treatment for prostate cancer. J Urol 2005; 173 (2): 533-6.
  16. Kaufman JM, Graydon RJ. Androgen replacement after curative radical prostatectomy for prostate cancer in hypogonadal men. J Urol 2004; 172 (3): 920-2.


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