CÂNCER DE PRÓSTATA E REPOSIÇÃO HORMONAL MASCULINA
O conceito qualidade de vida está cada vez mais forte, pois as pessoas querem envelhecer, sobretudo com saúde física e mental. E o binômio DAEM-DE já é bem aceito (4), bem como a necessidade de reposição hormonal (RH) nos hipogonádicos sintomáticos (2). Porém, sempre que se fala em RH e testosterona, questiona-se sobre o risco de um aumento de incidência de câncer de próstata (CAP). E o assunto CAP é sempre muito atrativo, provavelmente por tratar-se do tumor maligno mais freqüente do sexo masculino e por ser a segunda principal causa de morte por neoplasia em homens à partir da quarta década de vida, perdendo apenas para o câncer de pulmão (5). Sua correlação direta com a testosterona ainda não está bem entendida.
Também o assunto testosterona e reposição hormonal (RH) é instigante. Ao contrário das mulheres, que apresentam uma pausa na produção dos hormônios (menopausa), os homens têm apenas uma diminuição da produção hormonal com o envelhecimento (“ANDROPAUSA”), principalmente após os 40 anos, quando a produção de testosterona livre (TL) diminui numa proporção de 1,2% / ano (6, 7 ). Com esta baixa de testosterona, podem surgir uma série de sinais e sintomas, como por exemplo: diminuição da libido e da qualidade das ereções, depressão, fadiga, diminuição da massa muscular e da densidade mineral óssea, modificação do padrão do sono, aumento da gordura visceral e diminuição da capacidade intelectual (2). Por outro lado, o homem “maduro” hipogonádico apresenta uma melhora global na qualidade de vida com a RH (8-13). A prevalência de disfunção erétil na população masculina é alta, atingindo mais de 50% dos homens com mais de 40 anos (3). Também a prevalência da DAEM aumenta com o aumento da idade (14). Tudo isto ocorre na mesma faixa de risco para o desenvolvimento do CAP, isto é, após os 40 anos de idade.
Existem publicações de reposição hormonal em pacientes tratados curativamente com prostatectomia radical para CAP, sem sinais de recidiva tumoral e com importante melhora dos sintomas do hipogonadismo (15-16).
Então, a real ligação entre testosterona e CAP permanece incerta, mas a administração de testosterona exógena parece ser muito importante e segura no tratamento do hipogonadismo do homem maduro sintomático, mesmo naqueles submetidos ao tratamento curativo de câncer de próstata, desde que sejam criteriosamente avaliados e acompanhados por seus médicos.
Referências:
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- II Consenso Brasileiro de Disfunção Erétil. Sociedade Brasileira de Urologia. Ed BG Cultural, 2002.
- Feldman HA, Goldstein I, Hatzichristou DG, Krane RJ, McKinlay JB. Impotence and its medical and psychosocial correlates: Results of the Massachusetts Male Aging Study. J Urol 1994; 151 (1): 54-61.
- Lue TF, Basson R, Rosen R Giulinano F, Shoury S, Montorsi F. Sexual Medicine: Sexual dysfunctions in men and women. 2nd International Consultation on Sexual Dysfunctions. Paris. Edition 2004.
- INCA, 2005. http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=339
- Gray A, Feldman A, McKinlay JB, Longcope C. Age, disease and changing sex hormone levels in middle-aged men: results of the Massachussetts Male Aging Study. J Clin Endocrinol Metab. 1991; 73: 1016-25.
- Gooren LJG. The age-related decline of androgenic levels in men: clinically significant? Brit J Urol. 1996; 78: 763-8.
- Tenover JL. Male hormone replacement therapy including "andropause". Endocrinol Metab Clin North Am 1998; 27 (4): 969 - 87.
- Shabsigh R, Kaufman JM, Steidle C, Padma-Nathan H. Randomized study of testosterone gel as adjunctive therapy to sildenafil in hypogonadal men with erectile dysfunction who do not respond to sildenafil alone . J Urol 2004; 172 (2): 658-63.
- Barqawi AB, Crawford ED. Testosterone replacement therapy and the risk of prostate cancer: a perspective view. Int J Impot Res 2005; 17: 462-3.
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- Agarwal PK, Oefelein MG. Testosterone replacement therapy after primary treatment for prostate cancer. J Urol 2005; 173 (2): 533-6.
- Kaufman JM, Graydon RJ. Androgen replacement after curative radical prostatectomy for prostate cancer in hypogonadal men. J Urol 2004; 172 (3): 920-2.
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