A primeira exibição pública do filme "Lula, o Filho do Brasil", arrancou aplausos de políticos e correligionários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de artistas e cinéfilos que prestigiaram a abertura do 42º Festival de Cinema de Brasília.
Ao todo, o Palácio do Planalto reservou 740 das 1.320 cadeiras, estiveram presentes ministros, ex-ministros e parlamentares da base aliada. A primeira-dama Marisa Letícia representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve preparar uma sessão reservada com familiares para assistir a película. A primeira-dama estava acompanhada de amigas, posou para foto ao lado dos atores do filme, mas deixou o teatro sem falar com a imprensa.
Para o ministro Fernando Haddad (Educação), o filme permite ao espectador conhecer as tradicionais histórias contadas pelo presidente Lula na intimidade.
"Gostei bastante. Foi muito bem feito. É bacana ver na tela o que estava escrito no livro. Retrata bem as histórias que eu ouço ele contar da vida dele nas reuniões. Ele tem o hábito de contar essas histórias quando está entre amigos. Acho difícil o presidente superar o nível de popularidade que já tem em função do filme. As pessoas conhecem a história do Lula de 30 anos para cá, os primeiros trinta anos, pouca gente conhece e com o filme vão poder conhecer", disse.
Durante a exibição do filme, a plateia foi levada aos risos com as cenas do presidente Lula convencendo a jovem Marisa Letícia a namorá-lo. Na avaliação de alguns convidados, o filme frustrou por retratar de forma acelerada os momentos da vida do presidente, sem se prender a um drama central. "O filme acabou sendo superficial, sem explorar as situações mais delicadas da vida do presidente. Outro dia em uma entrevista, ele contando da morte da mulher e do filho me emocionou mais do que no filme", afirmou Armanda Furtado, 21, estudante de Arquitetura da Universidade de Brasília.
ReclamaçõesA sessão, no entanto, foi marcada por protestos da produção do filme contra a organização do festival, que deixou os atores da película que desembarcaram na capital federal para a estreia sem assento reservado. Fábio Barreto também reclamou da superlotação do Teatro Nacional, que além dos 1.320 lugares ocupados, teve toda sua escadaria preenchida por convidados. Segundo o cineasta, a situação oferecia risco ao público.
Os espectadores ignoraram os apelos de Barreto para que deixassem o local. O cineasta rebateu indiretamente às críticas de que o filme tinha um caráter político. "Esse filme é uma obra de arte para mostrar como o povo brasileiro é lutador, perseverante. É uma homenagem ao povo", disse.
Outro protesto também chamou atenção. Antes da apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, que tocou músicas de Luiz Gonzaga sobre o sertão, um grupo de defensores do ex-ativista Cesare Battisti subiu ao palco e estendeu uma faixa pedindo que o presidente Lula evite a extradição do italiano acusado de quatro assassinatos. O STF (Supremo Tribunal Federal) retoma hoje o julgamento.
FilmeCom orçamento de aproximadamente R$ 12 milhões, "Lula, o Filho do Brasil" é o filme mais caro da história do cinema brasileiro e será exibido em quase 400 salas no Brasil. A estreia nacional do filme está prevista para o dia 1º de janeiro, mas hoje ele terá sua pré-estreia no Festival Internacional de Cinema de Brasília --apenas para convidados.
Dirigido por Fábio Barreto e estrelado por Rui Ricardo Diaz, Glória Pires, Cléo Pires, Juliana Baroni e Milhem Cortaz, "Lula, o Filho do Brasil" não participará da Mostra Competitiva do festival.
Segundo produtores, serão realizadas exibições especiais para comunidades pobres de grandes cidades e localidades da zona rural onde não há cinemas. O filme conta a história de Lula desde seu nascimento, em 1945, no sertão de Pernambuco, até sua consagração como líder sindical, em 1980, no ABC paulista.